Desde que comecei a trabalhar como repórter, em 1979, tenho o costume de ficar atento às conversas das pessoas ao meu redor, principalmente quando falam sobre política em ano eleitoral. E por ter focado a minha carreira em conflitos agrários, migrações e crime organizado nas fronteiras, sempre viajei muito pelo país. Graças a esse costume que tenho de ouvir as conversas alheias já esbarrei em fatos que resultaram em boas reportagens e inclusive livros, como foi o caso do Brasil de Bombachas, que conta a história do povoamento das fronteiras agrícolas brasileiras pelos colonos gaúchos e seus descentes. E de País Bandido, onde mostro como as fronteiras brasileiras com o Paraguai, a Argentina e a Bolívia se tornaram sinônimo de crime organizado. Depois que sai da redação, em 2014, tive mais tempo de andar por aí ouvindo as conversas alheias e prestando atenção aos noticiários. No final do ano passado, um fato chamou a minha atenção. É sobre isso que vamos falar.
Por Carlos Wagner - jornalista